Os diabetes são uma doença crónica caracterizada pela insuficiência de insulina, é a mais frequente doença endócrina pediátrica e é a mais comum doença crónica que afeta as crianças na idade escolar. Caracteriza-se por uma falha na produção de insulina que leva a uma acumulação de glucose no sangue e na urina, havendo no entanto uma incapacidade do corpo de absorver a glucose como combustível de produção de energia. O tratamento tem como objetivo a regulação dos níveis de glucose e a prevenção de problemas a curto e a longo prazo, passando por injeções diárias, dietas e exercício regular (Castillo, 2008).
As complicações a curto prazo referidas passariam pela hipoglicemia, hiperglicemia e cetoacidose, enquanto a longo prazo podem surgir complicações micro ou macro vasculares, neuropatia, retinopatia, doenças cardiovasculares, aumento da ocorrência de infeções, má circulação (sobretudo nas pernas) e doenças do coração coronárias. Crianças com esta doença têm um maior risco de virem a possuir doenças da tiroide, dificuldades académicas, distúrbios psiquiátricos e neuropsicológicos (Castillo, 2008).
1 – Intervenção
1.1 – Envolvimento dos Pais
Para uma maior aderência da criança ao tratamento é requerido que os pais se envolvam e monitorizem este processo criando comportamentos de habituação e de preocupação com o próprio. Anderson, Ho, Brackett, Finkelstein e Laffel (1997), observaram que a frequência de monitorização do açúcar no sangue e todo o controlo glicémico foi melhor para crianças em que os pais estavam envolvidos com o tratamento, apesar desta aderência diminuir com o aumento da idade. Já os pais menos envolvidos na monitorização e vigilância do tratamento dos filhos, sentiram mais desafios quando estes entraram na adolescência (Johnson, 1995).
1.2 - Programas de Gestão do Comportamento
É aconselhado que os pais frequentem treinos para diminuir os comportamentos problemáticos da criança tanto em casa como em contextos comunitários, com o auxílio de ferramentas como a gestão contingencial, reforços diferenciais e gráficos diários que podem ajudar as intervenções farmacológicas. Estas estratégias usadas através do tratamento psicológico têm como objetivo o de melhorar a conformidade e o envolvimento parental nas tarefas relacionadas com os diabetes (Castillo, 2008).
Abordagens Baseadas na Família e no Grupo
Rover e Alvarez (1997), reportou que as crianças com esta doença tendem a sofrer deficits na atenção seletiva, enquanto outros domínios de atenção inconstante continuam intactos. Northam and colleagues (2001), consideraram que nos diabetes Tipo I existem múltiplos deficits do funcionamento executivo, incluindo no raciocínio inferencial e capacidades de resolução de problemas, de auto-monitorização e organização visual complexa. Estudos também mostram que, deficits na aprendizagem, memória e raciocínio verbal parecem ser mais profundos em crianças que possuem diabetes antes dos 4 anos ou que possuem história de convulsões (Castillo, 2008).
Realização Académica
Apesar dos inúmeros estudos a falar do subtil raciocínio fluido, deficits na memória, na atenção e nas funções executivas, estes não mostraram efeitos negativos no desempenho escolar comparado com os seus parceiros. De facto, crianças com diabetes com o nível de glucose bem controlado tendem a ter uma performance superior em muitos domínios académicos (Castillo, 2008).
Funcionamento Comportamental e Emocional
Muitos estudos mostram que em comparação com um grupo de controlo saudável, crianças e adolescentes com diabetes de Tipo I são similares ao de controlo no que diz respeito ao nível de ajustamento psicossocial. Apesar destes resultados positivos, as investigações sugerem que as crianças e adolescentes com esta doença têm um maior risco de experienciar sofrimento psicológico. Algumas variáveis parecem interferir neste fenómeno tais como: a idade (crianças em idade escolar apresentam maiores níveis de angustia psicológica do que as crianças em idade pré-escolar e adolescentes) e o controlo glicémico (crianças com uma baixa regulação da glucose no sangue reportam mais problemas emocionais e comportamentais) (Castillo, 2008).
Intervenções Escolares
Para facilitar o cuidado apropriado de crianças e adolescentes com diabetes, escolas e creches devem promover a compreensão desta doença. Para além do mais, as crianças devem treinar a gestão dos diabetes na escola e sendo também treinados a manusear o equipamento de emergência, devem ter um plano individualizado de cuidados de saúde. O progenitor/encarregado de educação deve desenvolver este plano com a ajuda de uma equipa especializada no cuidado de diabetes em crianças e com o coordenador da escola. Este plano, deve satisfazer as necessidades da criança e inclui instruções específicas para a gestão dos diabetes na escola. Assim estas intervenções, devem ter como objetivo uma maior aderência ao tratamento e satisfazer as necessidades académicas e psicossociais únicas (Castillo, 2008).
Aprofundar com:
repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/10577/1/Tese_Doutoramento_Paulo_Almeida.pdf
Ver também:
www.acss.min-saude.pt/Portals/0/DIABETES.pdf
www.youtube.com/watch?v=k_3hbrqLZ5U
www.youtube.com/watch?v=ktQzM2IA-qU