Epilepsia

 

Descrição da perturbação

Um ataque epilético é definido como uma manifestação clínica que se presume ser o resultado de uma descarga excessiva e anormal de um conjunto de neurónios no cérebro. A epilepsia é definida por dois ou mais ataques não provocados, com mais de 24 horas de diferença entre eles, numa criança com mais de 1 mês de idade. No primeiro ano de vida, as crianças têm um alto risco de desenvolver epilepsia (Hagar, 2008).

 

Causas subjacentes

            Um ataque epilético ocorre quando o equilíbrio é interrompido, ou seja, quando a atividade eléctrica no cérebro é excessiva ou anormal. Dependendo da área onde estes neurónios disparam, normalmente de forma repetitiva. Como resultado desta descarga dos neurónios atípica e não intencional, pode haver uma rutura na consciência, mudanças no movimento (ex.: braços e pernas enrijecidos ou contraídos), e /ou mudanças sensoriais (ex.: sensação de formigueiro ou de calor) (Hagar, 2008).

 

Diagnóstico da Epilepsia

A epilepsia deve ser diagnosticada por um médico. É requerida a história pormenorizada do paciente, tal como a informação detalhada acerca dos eventos que ocorreram durante o ataque epilético. Na maior parte das vezes é obtido um eletroencefalograma (EEG) para ajudar o médico no diagnóstico. Um EEG regista a atividade elétrica do cérebro através de elétrodos colocados em vários pontos do crânio que reconhecem pequenos impulsos elétricos, registando e mapeando a sua localização nas variadas áreas e a atividade invulgar ou atípica poderá ser depois analisada pelo profissional de saúde para que possa concluir um diagnóstico (Hagar, 2008).

 

 

Fatores que afetam o resultado neuropsicológico

É comum relatos na literatura de crianças com epilepsia que possuem um grande risco de insucesso académico e de dificuldades vocacionais na idade adulta. Embora vários estudos longitudinais com crianças se tenham focado predominantemente nas habilidades intelectuais, alguns estudos descrevem défices a nível neuropsicológico nesta população, incluindo disfunção executiva, processamento de discurso debilitado, dificuldades de memória, velocidade psicomotora lenta e baixo desempenho escolar (Hagar, 2008).

Plioplys (2003) concluiu que a depressão é comum, mas muitas das vezes não diagnosticada nas crianças e adolescentes com epilepsia, e um desenvolvimento bem – sucedido pode ser negativamente influenciado pela natureza crónica destas perturbações. Fastenou e colegas (2004) observaram que o sucesso académico nas crianças e adolescentes com epilepsia era afetado não só por défices neuropsicológicos, mas também por um ambiente familiar disfuncional (Hagar, 2008).

 

Intervenção

Estas recomendações podem ser aplicadas num contexto mais amplo para beneficiar crianças e adolescentes com epilepsia, nomeadamente na área académica (Hagar, 2008):

·         Ajustar a quantidade de trabalhos da escola e de casa, considerando o processamento mais lento, portanto não deve ser aplicado mais do que 1 a 1:30h de trabalhos de casa por dia;

·         Permitir que o aluno tenha tempo suficiente para codificar a informação eficientemente. Se questionado durante a aula, providenciar algumas pistas se o aluno estiver a ter dificuldades a responder;

·         Dificuldades com a memória de trabalho podem ser melhoradas dando pequenas pausas de 1 ou 2 minutos;

·         Uma acção como tirar apontamentos requer uma breve memorização do material, no entanto esta é afetada pelas dificuldades na memória de trabalho. Por isso, providenciar cópias das notas escritas no quadro permitem que o aluno preste mais atenção ao que está a ser dito, em vez de estar envolvido em 2 tarefas ao mesmo tempo (ouvir e escrever), o que não traria eficiência suficiente;

·         Permitir tempo adicional para a leitura ou escrita de redações e /ou reduzir o material que o aluno deve aprender/processar num curto espaço de tempo;

·         Encorajar ao sucesso através de pequenos passos, dividindo uma tarefa em tarefas mais pequenas;

·         Uma comunicação continuada entre os pais do aluno, a escola, e o seu neurologista é de grande importância para proporcionar os melhores cuidados ao aluno;

·         Envolver o aluno em actividades extracurriculares pode dar a oportunidade para manter a interação social fora do contexto escolar. O voluntariado por exemplo, é uma excelente forma para conhecer outras pessoas e interagir com a comunidade.

 

Conclusão

Em suma, as crianças e adolescentes com epilepsia são um grupo muito heterogéneo e cada indivíduo é influenciado pelo tipo e severidade da epilepsia, a quantidade de medicação antiepilética requerida para controlar a mesma, e as intervenções médicas adicionais que poderão ser implementadas. Suporte adicional e os serviços providenciados pela escola e pela comunidade, bem como a coordenação entre a escola, os pais, e a equipa médica, pode ajudar a assegurar uma experiência educacional positiva para as crianças e adolescentes cujas vidas são afetadas pela epilepsia (Hagar, 2008).

Sabe mais com:

www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2013/RN2104/revisao/787revisao.pdf

www2.fob.usp.br/pet/fonoaudiologia/arq-download/Slides%20-%20aprendizagem%20e%20epilepsia.pdf

 

VER:

www.epilepsia.pt/

www.epilepsia.pt/epi

www.epilepsia.pt/Imgs/pages/page_54/guia-profissionais-educacao-parte-1.pdf

neuropediatria.pt/para-os-pais/o-que-e-epilepsia

 

 

 

 

 

 

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