Os sintomas da Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) persistem ao longo do tempo e raramente acontecem em situações de isolamento. Estas crianças, quando comparadas com colegas da mesma idade, mostram com mais frequência comportamentos desafiadores e agressivos, tanto em casa como na escola, e tendem a ter níveis mais baixos de rendimento escolar (Barkley,2006). Além disso, são mais propensos a ter ferimentos físicos e a receber medicação psicotrópica (Lahey et al., 2004).
O que é a desordem por défice de atenção?
A DDA é um distúrbio neurobiológico que se pauta pelo desenvolvimento inadequado das capacidades de atenção e em determinados casos, por impulsividade e/ou hiperatividade (Parker, 2003). Há diferentes tipos de desordem por défice de atenção. Algumas pessoas são hiperativas e impulsivas, outras são mais afetadas por estados de desatenção e outras apresentam a conjugação destes três traços.
O tipo de hiperatividade-impulsividade que apresenta uma combinação dos diferentes traços representa a maioria das crianças com desordem por défice de atenção/hiperatividade. Para ser feito este diagnóstico o indivíduo deve apresentar os sintomas presentes no DSM-V, sendo que se deve manifestar antes dos sete anos de idade, e têm de se fazer sentir os sintomas em dois ou mais contextos, como a casa, a escola, por exemplo. Além disso, os sintomas não devem ser resultado de uma outra desordem psicológica.
A falta de atenção é o sintoma da DDA que causa maiores problemas na escola. Uma criança com desordem por défice de atenção/hiperatividade insere-se no tipo predominantemente caracterizado por estados de atençao que segundo Parker (2003):
- Não presta muita atenção aos pormenores ou comete erros por descuido nas tarefas escolares ou noutras atividades
- Tem dificuldade em prestar atenção a atividades lúdicas ou tarefas
- Parece não ouvir o que lhe dizem
- Perde com frequência coisas necessárias a tarefas ou atividades (ex: lápis, livros, trabalhos escolares;)
Apesar de afetadas por estados de desatenção, a criança com DDA não é incapaz de se fixar em situações que vão ao encontro dos seus interesses. Estas crianças têm mais atenção quando realizam atividades que lhes são extremamente agradáveis, tal como as que envolvem jogo de vídeo ou ver televisão (Parker, 2003).
Desenvolvimento de Comportamento Antissocial
O desenvolvimento social está em parte dependente dá interação entre as disposições comportamentais das crianças e a habilidade por parte dos pais para lidar com tais comportamentos. As mães de crianças com PHDA tendem a ser mais críticas e a aplicar mais castigos, reportando ainda, um nível mais elevado de stress.
Segundo Patterson (1992), o desenvolvimento de um comportamento antissocial começa em casa durante a idade pré-escolar. As crianças aprendem que o seu comportamento agressivo, como chorar ou fazer birras, ativa o comportamento agressivo por parte dos pais, controlando assim algumas situações. Com o seu crescimento, algumas destes comportamentos tendem a aumentar na sua frequência e severidade, persistindo ao longo do tempo.
No caso dos rapazes, estes tendem a desenvolver Perturbação de Conduta (PC - uma criança com este distúrbio pode apresentar um padrão de comportamento perturbador, violento, tendo problemas a regras), sendo que a PHDA é um dos grandes condutores da PC.
Existe então a necessidade de envolvimento parental no desenvolvimento académico dos filhos, para incrementar atenção no desenvolvimento cognitivo e capacidades académicas. Por vezes, algumas crianças com PHDA apresentam níveis altos de comportamentos disruptivos por vezes agressivos na pré-escola. Estes comportamentos afetam as relações com os adultos cuidadores e tem um impacto negativo nas relações (Hart & Risley, 1995; Kevenstein, 1992).
Algumas crianças com PHDA demonstram ainda níveis mais elevados de comportamentos disruptivos, que não são compatíveis e por vezes comportamentos agressivos no infantário. Estes comportamentos afetam não só as interações com os adultos cuidadores, como podem ter impacto negativo nas relações entre pares. A verdade, é que a rejeição de pares está fortemente associada com a agressão (Milichm Landau, Kilby, & Whitten, 1982).
O papel do(a) psicólogo(a) na avaliação:
Segundo Parker (2003), o(a) psicólogo(a) clinico(a) e escolar estão aptos para administrarem e interpretarem testes psicológicos e educacionais, os quais podem proporcionar informação importante acerca do funcionamento intelectual da criança, das suas competências de raciocínio, do uso de linguagem, do desenvolvimento preceptivo, da impulsividade, do âmbito de atenção e do funcionamento emocional.
Os testes aplicados variam com as necessidades de cada crianças. Tanto pode ser para avaliar o funcionamento académico como para avaliar os sinais de problemas emocionais. O(a) psicólogo(a) pode ainda pedir aos pais que também respondam a questionários de modo a que se compreenda melhor o modo como eles reagem com a criança.
Os testes computorizados são bastante usados para avaliar a DDA, sendo os mais populares:
- Sistema de Diagnostico de Gordon;
- Teste de Variáveis de Atenção (TVA);
- Teste de Desempenho Continuo de Conners;
- Teste de Desempenho Contíno Integradi Visual e Auditivo (IVA).
Os(as) psicólogos(as) para além de administrarem testes diretamente às crianças, recolhem informações ao conduzirem entrevistas com a criança e com os pais, e ao pedirem a pais e professores que preencham escalas de avaliação comportamental. Porém a avaliação psicológica pode demorar várias horas a realizar mas é importante para ajudar os membros da equipa de avaliação a chegarem a um diagnóstico e a fazerem as recomendações necessárias (Parker, 2003).
O papel da escola na avaliação:
Segundo Parker (2003) a escola têm um papel vital na avaliação da criança e do adolescente com DDA. Os(as) professores(as) podem fazer uma observação direta da forma como o(a) aluno(a) se comporta em situações de grupo e comparar com crianças da mesma idade. As escolas têm acesso a informações atuais e passadas, acerca do desempenho do(a) aluno(a) na sala de aula, dos seus pontos fortes e fracos. As escalas de avaliação comportamental aplicadas na escola, as entrevistas aos professores(as), a análise dos resultados de testes e a observação direta, são procedimentos típicos usados para recolher informações sobre os(as) alunos(as).
Gestão do percurso educacional e do comportamento
Muitas vezes as crianças com DDA têm sérios problemas na escola. Os relatórios com fraca realização escolar causam frustração e são desencorajadores para as crianças com DDA e respetivos pais. Segundo Parker (2003), os professores descrevem a criança com DDA da seguinte forma:
- Não conclui o que foi iniciado;
- Tem dificuldade em fixar a atenção;
- É irrequieta;
- Fala excessivamente e não espera pela sua vez para o fazer;
- Não parece conseguir manter-se organizada;
- Não consegue permanecer sentada, está sempre a mexer-se ou mostrar-se hiperativa.
Para estas crianças os programas de modificação de comportamento podem ajudar o aluno a conseguir um melhor desempenho na escola. O intuito é melhorar o comportamento das crianças durante a realização de tarefas, aumentar a sua conformidade às instruções do(a) professor(a).
Ajudar crianças com desordem por défice de atenção a terem sucesso na escola
Do ensino pré-escolar ao secundário que os(as) professores(as) descrevem problemas relacionados com défices de atenção, como a distração, os comportamentos disruptivos e as competências ao nível da audição como sendo típicos em crianças com DDA (Parker, 2003).
A Criança com DDA em idade Pré-escolar:
Os pais de crianças com DDA na idade pré-escolar são notificados com bastante rapidez, quando os seus filhos e filhas estão a ter um problema. As crianças tem dificuldade ao nível do autocontrolo e podem apresentar uma hiperatividade e uma impulsividade muito severas de modo que não podem ser supervisionadas com facilidade.
Podem ter ainda atitudes agressivas com outras crianças, não conseguindo brincar em grupo.
O controlo do comportamento nestas crianças é dificultado pela sua imaturidade e pela ausência de locus de controlo interno. Os pais podem ser forçados a tirarem as crianças da escola, o que leva a uma procura desenfreada por outras escolas (Parker, 2003).
O aluno com DDA que frequenta o 1º e o 2º ciclos
Muitas vezes as crianças são retidas no 1º ano na esperança de que adquiram maturidade, porém muitas das crianças não demonstram alterações nesse ano e continuam a ter problemas ao longo do 1º ciclo, podendo melhorar ou piorar de ano para ano. À medida que o volume de trabalho na escola aumenta os sintomas da desordem por défice de atenção podem tornar-se mais acentuados (Parker, 2003).
Para a criança com DDA que não é capaz de fixar a atenção nas instruções do professor, iniciar as tarefas pode tornar-se difícil e o trabalho por concluir pode rapidamente acumular-se (Parker, 2003). Já as que têm problemas de organização encontrar papéis, lápis ou livros adequados para realizar as tarefas que são supostas, podem constituir tarefas complicadas que não podem ser tomadas como garantidas. Em casa, os pais enfrentam problemas relacionados com a realização dos trabalhos escolares.
O aluno com DDA que frequenta o 3º ciclo e o ensino secundário
Os problemas continuam no 3º ciclo e ensino secundário embora a qualidade dos sintomas se possa alterar durante os anos (Parker, 2003). Os adolescentes com DDA frequentemente tentam realizar o seu trabalho apressadamente não dando importância à boa apresentação, à precisão ou à conclusão de trabalhos na escola. Acham as tarefas aborrecidas e irrelevantes passando a interessar-se por outras coisas como namorar, conduzir, etc.
O 3º ciclo e ensino secundário são mais exigentes, os horários das aulas podem variar de dia para dia, os projetos podem ser a longo e a curto prazo, sendo que tem de haver uma conjugação para que a sua conclusão seja feita no prazo. É posta maior ênfase nos testes e os(as) alunos(as) necessitam de se apoiar em bons hábitos de estudo para se prepararem para as aulas (mais leituras, mais registos, mais anotações), o que requer concentração, esforço e persistência (Parker, 2003).
Os adolescentes com DDA tendem a negar este diagnóstico e a resistir à toma da medicação, além de que nesta fase, os(as) professores(as) tendo mais alunos(as), podem desconhecer a razão pela qual o aluno pode ter um problema.
Desenvolvimento de competências literárias e numéricas
São vários os estudos que indicam que a experiencia precoce com números e letras influencia as competências académicas mais tarde.
As crianças que entram para a escola variam entre si na sua consciência fonológica. A consciência fonética e o alfabeto principal (habilidade para associar sons e palavras) são essenciais para a aquisição da leitura. Dada a diversidade de linguagem e dada a exposição de cada criança à literatura, entram na escola com níveis díspares de vocabulário.
Além das competências literárias também as matemáticas são importantes.quanto mais cedo as crianças lindam com números, mais adquirem um sentido matemático.
Estudos demonstraram que crianças pequenas com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) têm mais dificuldade nas competências matemáticas e na literatura. Estudos feitos por DuPaul et al. (2001) descobriram que diagnósticos em idades pré-escolares feitos a crianças com PHDA têm níveis significativamente mais baixos em testes cognitivos, desenvolvimento e no funcionamento académico quando comparadas com uma amostra de crianças com um desenvolvimento normal.
Aprofunda os conhecimentos com:
www.unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/51853.pdf
www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/viewFile/206/201
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