Consequências de estar constantemente a mudar de casa no Ambiente Escolar
O ambiente familiar é uma das mais importantes influências no desenvolvimento emocional, cognitivo e comportamental da criança. Sendo portanto a mobilidade de residência ou as mudanças frequentes uma fonte de instabilidade, pois perturba o contexto de vida da criança e as conexões sociais fora de casa, abrangendo uma grande amplitude de consequências que vão desde um pobre desempenho escolar até ao desajustamento emocional e social (Adams, 2004).
Apesar de se saber que são as crianças e os adolescentes os mais afetados, estudos recentes mostram que se estas mudanças ocorrerem antes dos 5 anos de idade (período pré-escolar) podem ter consequências nefastas a longo prazo, deteriorando o apego à escola. Para além do mais, este tipo de situação tende a ocorrer mais frequentemente em crianças de famílias mais carenciadas (Ziol-Guest e Mckenna, 2014).
Uma explicação para estas consequências tão nefastas na criança é dada por Shonkoff e Phillips (2000), que consideram que este é um período critico para o desenvolvimento cerebral e põe em prática os sistemas fisiológicos que darão forma às futuras respostas emocionais, cognitivas e sociais. Elevados níveis de stress na primeira infância podem comprometer o desenvolvimento cerebral e levar a longo prazo resultados mais pobres em muitos níveis de desenvolvimento. Para além disto, as mudanças frequentes também são uma fonte de stress para os pais que pode afetar o relacionamento com a criança, sendo ainda estas muito dependentes da relação com os progenitores para o desenvolvimento da sua capacidade emocional (Ziol-Guest e Mckenna, 2014).
Se é verdade que as crianças de nível socioeconómico superior também podem estar expostas a estas mudanças parece que as consequências não são tão nefastas, pois têm uma maior probabilidade de serem expostas a ambientes de aprendizagem dentro de casa, a contextos de cuidados exteriores e vivem em bairros mais protegidos e estimulantes, enquanto crianças mais velhas têm a possibilidade de andar em escolas de alta qualidade e frequentar a universidade (Ziol-Guest e Mckenna, 2014).
De um ponto vista mais social, parece que as mudanças frequentes geram deficits nos laços estreitos e nas redes socais o que faz com que a família careça de apoio social, económico e de informação. Desta forma, não há o desenvolvimento de ligações normais entre a criança e os amigos, a babysitter, os vizinhos, os centros da comunidade, os parques… Por sua vez, este deficit de acesso social também se estende aos pais e às suas relações para assegurar os cuidados da criança ou outras actividades relacionadas com a pré-escola (Ziol-Guest e Mckenna, 2014).