Influência do Contexto Familiar nas Decisões Educacionais
Enquanto que para o estudo da influência parental no futuro e na realização escolar dos estudantes, a literatura sociológica usa uma amostra representativa da população de adultos e tipicamente investiga a realização escolar, a literatura económica retrata maioritariamente amostras de estudantes com inquéritos internacionais, que medem a literacia e a numeracia relativamente a alunos entre os 13 e 15 anos (Brunello, Giorgio & Checchi, Daniele, 2006).
A literatura empírica considera que as principais diferenças nos resultados entre países nos testes da OECD PISA é o contexto familiar. Desde que aprendizagem gera aprendizagem, diferenças iniciais na realização individual na escola devido à educação parental são amplamente alargadas ao longo do tempo. A influência do contexto familiar nas respostas escolares tem implicações tanto para a eficiência como para a equidade. Pela restrição ao acesso à educação superior, famílias de contexto menos privilegiado tendem a reduzir o investimento na educação, estando muitas vezes este investimento abaixo do seu nível de eficiência. Sendo que esta decisão é tomada por volta dos 16 anos, quando o adolescente ingressa na escola secundária e tem de decidir se quer um ensino mais geral que aumenta as probabilidades de o levar à universidade ou se prefere um ensino mais vocacional. Desde que a educação parental é uma circunstância além do controlo individual, diferenças nas respostas geram desigualdade. O governo pode tentar compensar este contexto empobrecido fornecendo educação pública, especialmente quando ocorre de uma forma precoce na vida do sujeito. Para muitos, no entanto, o contexto parental não é mais do que aberto em si à influência politica a médio e a curto prazo (Brunello, Giorgio & Checchi, Daniele, 2006).
Um outro potencial fator que afeta as respostas escolares, que é potencialmente devido influência politica, é o design escolar (ou seja, o quadro institucional que caracteriza o ensino obrigatório e pós-obrigatório, a partir do ensino primário e terminando com o ensino superior). Este pode afetar as respostas diretamente e pode interagir com o contexto parental na determinação das escolhas individuais, enquanto dentro do cabeçalho da estratificação escolar nós podemos classificar diferentes medidas institucionais entre elas o acompanhamento escolar. Um sistema escolar é caracterizado pelo acompanhamento dos estudantes, que usualmente diferem no currículo oferecido tal como no nível cognitivo dos estudantes envolvidos (Brunello, Giorgio & Checchi, Daniele, 2006).
Este processo de acompanhamento introduz seleção nos processos escolares, que pode tomar muitas formas, desde uma autosseleção à admissão baseada num teste ou nas recomendações dos professores. Em muitos casos, a seleção é afetada, direta ou indiretamente, pelo contexto familiar. Por exemplo, pais com uma educação melhor são mais capazes de matricular os seus filhos numa faixa mais geral, que leva mais facilmente à universidade. Por outro lado, pais de nível socioeconómico mais baixo tendem a envolver os seus filhos igualmente talentosos num currículo mais vocacional. No entanto, quando a seleção é feita com base num teste formal, os estudantes definidos como mais bem-educados são o resultado parcial dos genes e também de uma forma parcial ao produto do ambiente. Com a seleção escolar, o contexto parental pode afetar diretamente os resultados pela influência dos recursos e do talento, mas indiretamente também pode influenciar pela seleção dos estudantes em diferentes acompanhamentos (Brunello, Giorgio & Checchi, Daniele, 2006).
Se as crianças de meios menos privilegiados em casa tendem a escolher a via vocacional sendo esta qualidade de educação oferecida mais baixa do que a seleção geral, então é formada uma lacuna na performance escolar entre estes estudantes e os estudantes de meios mais privilegiados o que tende a aumentar ao longo do tempo em cada seleção. Sendo que cada uma destas escolhas são determinadas ora pela capacidade individual ora pelo efeito de pares, parece assim que as seleções académicas atrai os estudantes mais talentosos, e o grupo de pares de indivíduos que seguem a via académica tendem a relacionar-se com indivíduos com outros também eles seguidores da via mais académica do que o grupo de pares de indivíduos na via profissionalizante (Brunello, Giorgio & Checchi, Daniele, 2006).
O sistema educacional Alemão parece ser visto como mais igualitário devido a algumas medidas como o facto do ensino desde a primária até ao ensino superior ter aulas gratuitas, testes de capacidade que mostram o potencial da criança (tão comum no UK) não existem, para além do mais as recomendações da professora podem existir mas não são nem obrigatórias nem comprometedoras e por fim, podemos ver um investimento na educação por parte do estado. Neste país, a escola secundária divide-se em 3 tipos: a escola secundária geral (fornece uma educação geral como treino de aprendizagem do 5º ao 9º ano), escola intermediária (fornece tradicionalmente as bases para a aprendizagem do trabalho administrativo do 5º ao 10º ano) e por fim, o high school (serve como base a uma educação académica a universidades e a outras instituições de nível superior vai até aos 18-19 anos, apartir do 5º ano) (Dustmann, Christian, 2004).
Um potencial mérito da seleção é a separação dos alunos em turmas mais homogéneas, melhorando assim a eficiência do professor em cada ambiente. Sendo este efeito de especialização enriquecedor dado que há menos variações dentro de uma mesma turma e os professores podem concentrar-se mais no nível de capacidade dos alunos fazendo com que estes evoluam. No entanto, estas seleções parecem beneficiar sobretudo os estudantes mais capazes pois os menos capazes perdem por estarem expostos a uma baixa gama de capacidades nos grupos de pares (Brunello, Giorgio & Checchi, Daniele, 2006).
No que concerne ao contexto familiar, nas últimas duas décadas, o estudo da influência e do aconselhamento parental no âmbito da carreira sugere que, a família influencia mais o desenvolvimento vocacional das crianças e adolescentes do que a escola ou o grupo de pares (e.g., Pinto & Soares, 2001; Hartung, Porfeli & Vondracek, 2005; Otto, 2000). Um estudo desenvolvido por Palmer e Cochran (1988), constatou que os adolescentes consideram os seus pais como fonte de apoio emocional e de aconselhamento nas várias áreas do seu desenvolvimento, incluindo a área vocacional, aderindo às suas opiniões com maior convicção do que às veiculadas pelos amigos e professores (Otto & Call, 1985; Trusty & Watts, 1996). Muitos adolescentes acham que os pais têm responsabilidade no seu desenvolvimento vocacional (Farnill, 1986) e esperam, assim, que a influência parental aconteça, chegando mesmo a solicitá-la para o seu desenvolvimento vocacional.
Parece também que as aspirações dos pais quanto à realização escolar e profissional dos filhos influencia o progresso académico dos filhos e as suas capacidades e, por conseguinte, o desenvolvimento vocacional. Um exemplo desta influência está patente num estudo de Feldman e Piirto (2002), no qual é descrito que quando uma criança demonstra elevada realização académica, as aspirações parentais em relação a essa criança serão mais elevadas e, o grau no qual os pais continuam a nutrir esse talento afetará os seus resultados académicos, e consequentemente, os seus resultados vocacionais (Bryant et al., 2006). A investigação demonstra também, que os filhos cujos pais esperam que eles faculdade, têm maior probabilidade que isso efetivamente aconteça (Juang & Vondracek, 2001). Assim, os psicólogos vocacionais podem ajudar melhor os seus clientes no processo de tomada de decisão de carreira, se promoverem uma comunicação aberta e direta entre os membros da família, onde os pais expressam as suas expectativas e os adolescentes se sintam compreendidos no processo (Young, 2002).
Lê mais sobre este tema:
www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0264.pdf