Judaísmo

 

O ensino e a aprendizagem têm sido componentes essenciais da tradição Judaica desde sempre. O imperativo “ensina as tuas crianças” apareceu pela primeira vez no Livro de Deuteronómio, sendo uma parte do que mais tarde deu lugar ao shema – a principal oração judaica. A literatura dos rabinos está cheia de referências à escola, ao ensino e à aprendizagem em vários níveis (Miller, Grant & Pomson, 2011). De acordo com o midrash (comentário) presente no Genesis, a primeira coisas que Cannan fez ao sair da casa de Jacob foi estabelecer uma escola (Genesis Rabbah, 95). Por isso mesmo, os Judeus são conhecidos como “As pessoas dos livros”, e a sua vida é feita em torno de textos e interpretações dos mesmos.  Porém são vários os métodos para ensinar esses textos. (Miller, Grant & Pomson, 2011).

Segundo Samuel Glick, historiador israelita, o surgimento da escola judaica ocorreu no período rabínico-talmúdico, e tinha como intenção:

  • Proteger o povo judeu do helenismo e garantir a independência cultural e religiosa.
  • Proteger as famílias carentes, aos órfãos, de modo que não sentissem nehuma discriminação em razão da fatalidade.

Os Judeus e a sua relação com o mundo moderno

No ensino Judaico, para que a criança se desenvolva de acordo com uma adultez independente, a aprendizagem secular tem de ser uma prioridade. Com o passar dos séculos, este povo também se adaptou ao desenvolvimento, ao meio ambiente e a um mundo moderno, porém, não descartou a sua elevada educação secular (Miller, Grant & Pomson, 2011).

No seculo XXI a história dos Judeus está dependente de diversos contextos como a história, a geografia, a sociologia e fatores culturais.

São várias as escolas Judaicas existentes na Europa têm-se ligado para celebrarem juntas e ao mesmo tempo dias importantes como o Hanukkah ou fazer trocas entre estudantes e professores. A educação informal através dos movimentos de jovens ensina-os acerca da Europa, através da oportunidade de participar em viagens de estudo ou em competições desportivas (Miller, Grant & Pomson, 2011).

Os Judeus, como a maior parte das minorias procurou adotar uma estrutura pré-existente – como a da maioria dominante- num esforço para alcançar o sucesso de acordo com os contextos sociais (Sacks, 1994). De facto, o adotarem as estruturas educacionais dominantes é uma tentativa para se tornarem ocidentais. Em vez de ficarem orgulhosos pelo sucesso que alcançaram nas suas próprias comunidades – muitos judeus liberais preferiram os evitar os riscos que o não-conformismo acarreta nas sociedades ocidentais e manter o seu Judaísmo em segredo e enquadrar-se na sociedade maioritária, inclusive abraçando os valores e as narrativas não – judaicas. Segundo Bourdieu e Passeron (1990) a arbitrariedade da educação escolar enquanto método para mover os jovens para posições de adultos nas esferas hegemónicas. Reconheceram ainda a violência acompanha a imposição das culturas hegemónicas num novo/estranho grupo e que muitos professores, pais, alunos ou estudantes, estão envolvidos em tentar tornar a escola num sistema de controlo bem-sucedido, através de diversos métodos e pedagogias (Miller, Grant & Pomson, 2011).

Deste modo, as escolas permitem a entrada no reino da hegemonia segundo o preço da homogeneidade. As escolas são também um condutor central para a transmissão de duas crenças interrelacionadas do mundo ocidental: a crença na autonomia do self e a crença na existência objetiva do conhecimento a que este self tem acesso, se for bem guiado (Holzman, 1997).

Durante séculos, estas ideias sustentaram o funcionamento das escolas. Quando as primeiras escolas foram criadas, em vez de se tentar produzir um modelo de escribas capazes de sustentar a burocracia necessária para o crescimento, poder, centralização, economia e empresas, os judeus desenvolveram as três características centrais que chegam até aos dias de hoje (Cole, 2001):

  1. O estudante era treinado por estranhos, separado dos seus parentes e família.
  2. O conhecimento que era programado para transmitir era diferenciado e comportamentalizado em campos de especialização
  3. A aprendizagem tinham lugar fora do contexto onde devia ser implementado.

Para Miller, Grant & Pomson (2011), a educação judaica liberal, que está interessada em encontrar formas para fortalecer e reforçar a identidade étnica e religiosa, as estruturas da comunidade e a afiliação dos indivíduos a estas, não podem fazer uso de um sistema baseado nestas premissas, nem podem tais estruturas levar a que se perceba o judaísmo enquanto uma tradição viva que é capaz de oferecer respostas a verdadeiras questões socioculturais.

Foram vários os autores que tentaram mudar estas três estruturas. Todavia, apesar dos vários esforços investidos a maioria das escolas ainda tem estas estruturas (Miller, Grant & Pomson, 2011).

Os Judeus, têm-se esforçado para expandir a educação à comunidade escolar envolvente, incluindo pais e adultos em geral, de modo a alcançar um melhor ajuste entre a escola e o mundo exterior (Woocher, 1995). Segundo Miller, Grant & Pomson (2011), isto deve-se ao facto de estas escolas e respetivo funcionamento ser baseado em duas características paradigmáticas que não permitem que o sistema seja reformulado. Esta reforma é necessária se as minorias desejam sustentar um nível de independência e competência cultural no trabalho.

As escolas enfrentam a dificuldade relativa à carga horária. As famílias priorizam as disciplinas laicas, o vestibular, colocam todos os conteúdos judaicos num plano inferior relativamente à sua importância. A família, porém é a principal responsável pela educação (Lewin, 2009).

Relativamente às comemorações existem algumas diferenças nas tradições da cultura judaica:

Os judeus regem-se por um calendário totalmente diferente do cristão pois seguem o Antigo Testamento. Não comemoram o Natal, porém na noite de 24 de Dezembro comemoram o Hanukah (do hebraico festa das luzes), que tradicionalmente dura oito dias, e que marca a vitória do povo judeu sobre os gregos. A Páscoa é a sua celebração mais importante e muitas vezes as crianças acabam por faltar à escola para que a possam celebrar (Miller, Grant & Pomson, 2011).

Do ponto de vista social relacionam-se bem com toda a gente e celebram o aniversário, participando em todas as actividades sem restrição, desde que sejam sempre respeitados os seus costumes. Ao nível da alimentação, esta é diferente na medida em que não comem carne de porco nem pão com fermento. Para tal, as refeições nas escolas devem ter em conta este facto. Para eles os animais quando são mortos devem sangrar e só assim os podem comer e por isso, na maior parte dos casos é o Rabi quem encomenda a comida (Miller, Grant & Pomson, 2011).

Ver também:

Exemplo de uma escola Judaíca: London School of Jewish Studies - https://www.lsjs.ac.uk

www.cilisboa.org/hpt_esther.htm

 

 

 

 

 

 

 

 

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