Grelha de Flandres

 

A grelha de Flandres tem como objetivo principal:

·         A análise das interações verbais professor/aluno;

·         Análise do clima relacional/comunicacional;

·         Análise do grau de diretividade;

·         Por parte dos professores: as suas formas de ação: controlador, motivador;

·         Por parte dos alunos: grau de dependência (reatividade) /independência (autonomia, iniciativa, espontaneidade); grau de participação;

·         Permite a análise da estrutura das relações em grupo;

·         Analisa o clima comunicacional da classe/situação educativa;

Tudo o que acontece na sala de aula pode se enumerado da seguinte forma:

1.      Ações ou comportamentos verbais do professor;

2.      Os comportamentos verbais dos alunos;

3.      Silêncio ou confusão, na qual se regista tudo o que não é comportamento verbal.

 

Relativamente às questões do Professor/educador deve ser tida em conta a Influência Direta (ID) e a Influência Indireta (II). Na primeira, o professor afirma as suas próprias opiniões e ideias, dirige a atividade do aluno, critica o seu comportamento, justifica a sua autoridade e o uso que faz dela. A ID poderá manter ou aumentar a dependência do aluno ao professor. Já na Influência Indireta, solicitam-se as opiniões e as ideias dos alunos para as ter em conta na aplicação. De referir ainda que II mantém ou aumenta a autonomia dos alunos (Couceiro, 2013).

Na grelha, a Influência Direta corresponde aos itens:

5)      Faz uma exposição “ex-cátedra”: fornece factos, opiniões sobre o conteúdo e os métodos, exprime as suas próprias ideias, faz apenas perguntas retóricas;

6)      Dá diretivas: ordens que o aluno deve seguir;

7)      Critica ou faz apelo à sua autoridade: as suas intervenções têm por objetivo modificar um comportamento do aluno tido como inaceitável, e afirmar a sua autoridade, punindo.

A Influência indireta:

1)      Aceita os sentimentos dos alunos: o professor aceita os sentimentos quer positivos quer negativos dos alunos, sem censura;

2)      Faz elogios ou encoraja: felicita o aluno ou encoraja-o na sua atividade. Graceja para desanuviar o clima da aula, mas nunca à custa do aluno;

3)      Aceita ou utiliza as ideias dos alunos: clarifica, desenvolve as ideias expressas.

Se o professor retoma a ideia de um aluno apenas para o conduzir à sua, trata-se da categoria 5.

4)      Faz perguntas: faz uma pergunta a propósito do conteúdo ou do método com a intenção de que um aluno responda.

Quanto ao Aluno(s), o grau de dependência pode ser analisado a partir dos seguintes itens:

      8) Responde às perguntas e às solicitações do professor;

      9) Toma espontaneamente a palavra: intervém sem ter sido solicitado pelo professor.

 

Quanto aos Procedimentos de registo aconselha-se a registar os comportamentos de 3 em 3 segundos. Em caso de dúvida, na categorização, deve optar-se pela categoria numericamente mais afastada de 5 (entre as categorias 2 e 3, opta-se pela categoria 2; entre as categorias 5 e 7, opta-se pela categoria 7) (cf. Postic,1979). Ainda, se no intervalo dos 3 segundos ocorrerem vários comportamentos são registados em função da sua categoria. Se não ocorrer nenhuma mudança de comportamento, repete-se o número da categoria. Os registos devem iniciar-se, e terminar, com a categoria 10.

Os Índices mais relevantes a obter e a analisar são:

Relação I/D

·         Relação entre influência indireta e direta do professor;

·         Relação entre as categorias 1, 2, 3, 4/5, 6, 7; isto é, a relação entre o número total nestas categorias;

·         Exemplo: se I/D= 2 significa que para duas intervenções indiretas se regista apenas uma intervenção do tipo direto.

 

Relação I/D r

·         A relação I/D revista é utilizada para eliminar os efeitos das categorias 4 e 5 que se referem às perguntas e às exposições [especificidades das tarefas do educador, não caraterizando o seu estilo (diretivo, não diretivo)],

·         Relação entre as categorias 1,2,3/6,7;

·         Exemplo: se a relação I/D r é de 2 significa que o professor é mais indireto, motivador; se a relação é, por exemplo, ½, significa que o professor se revela mais controlador das atividades da classe.

Quanto às possibilidades de leitura dos resultados, temos as Áreas da matriz:

·         Área A – influência indireta do professor (categorias 1, 2, 3, 4). Contempla conteúdos (categoria 4);

·         Área B – influência direta do professor (categorias 5, 6, 7). Contempla conteúdos (categoria 5);

·         Área C – comportamentos dos alunos (categorias 8 e 9);

·         Área D – silêncio ou confusão (categoria 10);

·         Cruz de conteúdos (cruzamento das categorias 4 e 5): exposição, conteúdos;

·         Área E (cruzamento das categorias. 1, 2, 3): influência indireta pura. Retirada a categoria 4 à área A (proporção elevada remete para o caráter motivador do professor/educador);

·         Área F (cruzamento das categorias 6, 7): influência direta pura. Retirada a categoria 5 à área B (proporção elevada remete para o caráter controlador/dominador do professor). Imposição da autoridade;

·         Área G (cruzamento das categorias 8 e 9 com 1, 2, 3 e 4): comportamentos dos alunos que desencadeiam comportamentos do tipo indireto do professor;

·         Área H (cruzamento das categorias 8 e 9 com 5, 6 e 7): comportamentos dos alunos que desencadeiam comportamentos do tipo direto do professor;

·         Área I (cruzamento das categorias 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 com 8 e 9): comportamentos do professor/educador que desencadeiam comportamentos dos alunos;

·         Área J (cruzamento das categorias 8 e 9): comportamentos dos alunos que desencadeiam comportamentos dos colegas.

Relativamente à interação entre pares, à observação do grau de envolvimento, participação e interação dos sujeitos nas tarefas, tendo em consideração a própria tipologia de atividade a título de hipótese, Couceiro (2013) apresenta a grelha de Bianca Zazzo.

Esta grelha funciona como orientador da observação, permite a análise da integração/participação das crianças nas atividades da sala de aula. Tem como objetivo principal a análise da relação entre comportamentos manifestos (participação ou não participação) e situação ou atividade (muito dirigidas, livres, etc.), para todas e quaisquer situações escolares, formais ou não.

Inicialmente, foi utilizada em contextos com crianças do jardim-de-infância e da escola do 1º ciclo, pode, porém ser adaptada, e/ou utilizada, como mero guião orientador noutros contextos educativos.

Assim, temos contempladas as situações:

·         Situação T+, ou seja, atividades de forte diretividade ou atividades dirigidas e induzidas pelo educador;

·         Situação T-, atividades de fraca diretividade;

·         Situação L, ou atividades livres, espontâneas.

 

Quanto às categorias comportamentais:

A.    Participação solitária na atividade:

Nível 1:

·         Executa sozinho (escreve, copia, etc.);

·         Fala com a professora/educadora (solicita, responde, comenta);

·         Olha o modelo escrito no quadro;

·         Procura o modelo (no quadro ou outro local).

Nível 2:

·         Olha/escuta a professora/educadora que fala;

·         Obedece à ordem, repete o que a professora diz;

·         Prepara os objetos para o trabalho (lápis, folha, caderno);

·         Escreve, comenta o seu trabalho,

 

Nível 3:

·         Instala-se e reinstala-se;

·         Olha o seu trabalho (caderno, folha, etc);

·         Volta-se para a professora/educadora;

 

B.     Participação na atividade, com comunicação e/ou observação de outras crianças;

Nível 1:

·         Concerta-se com outro colega para trabalhar (fala/escuta);

·         Responde coletivamente (ao mesmo tempo que os outros);

·         Mostra o seu trabalho ao vizinho.

Nível 2:

·         Toma/dá um objecto relacionado com o trabalho;

·         Copia pelo vizinho;

·         Olha o trabalho do vizinho para comparar.

Nível 3:

·         Olha/escuta uma criança que interroga ou que fala com a professora/educadora.

 

C.    Não participação, mas comunicação e/ou observação de outros:

·         Fala com outro, ou outros, sem relação com o trabalho,

·         Escuta outro, ou outros, sem relação com o trabalho,

·         Contatos físicos (toques)

·         Gestos, risos dirigidos a outros,

·         Agarra/dá objeto sem relação com o trabalho,

·         Vira-se na cadeira e movimenta-se em direção aos outros

·         Olha/escuta passivamente o outro, ou outros,

·         Olha o observador, ou outro adulto,

·         Olha/escuta a professora, sem relação com o trabalho.

 

D.    Não participação, e sem qualquer relação com os outros.

Temos, então, comportamentos de:

Agitação:

·         Manipula diversos objetos, em vez de trabalhar;

·         Agita-se no lugar, balança-se;

·         Fala sozinho, ri-se;

Passividade:

·         Ocupa-se do seu corpo (dedos no nariz, dedo na boca),

·         Boceja, rebola-se;

·         Olha sem alvo aparente, maquinalmente

·         Imóvel, olhar vago, “ausência de comportamento”;

 

Deste modo, as Categorias A e B podem orientar a análise do grau de participação, sendo ordenado por níveis, de maior para menor grau de iniciativa.

Os Índices a obter podem ser (Couceiro, 2013):

Ø  Trabalho (participação) autónomo (TA), a partir da comparação das frequências dos comportamentos de participação (categorias A / B), em situação T+ e T-, segundo uma Tricotomia:

·         TA3: sujeitos cuja participação nas atividades é frequente e de igual importância, seja qual for o grau de diretividade do professor/educador, ou da atividade;

·         TA2: sujeitos cuja participação é média e de importância aproximada para as duas situações;

·         TA1: sujeitos que participam raramente nas atividades da classe, seja qual for o tipo de situação, e os sujeitos cujos comportamentos de participação são muito mais frequentes em situações de forte diretividade (T+) que nas de menor diretividade (T-).

Ø  Atividade/Passividade (AP), índice que remete para a qualidade de participação dos alunos nas atividades, a partir da relação entre A1 (comportamentos de grande iniciativa) sobre o total de comportamentos de participação (A+B).

Quanto ao relatório, há necessidade de realizar a análise descritiva dos índices, bem como a comparação dos comportamentos, nas diferentes atividades ou situações.

 

 

 

 

 

 

 

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