Teste Sociométrico
O teste sociométrico e de perceção sociométrica é uma estratégia possível de análise de grupos e da posição ocupada por estes nos grupos (cf. Bastin, 1980). O objetivo principal da sociometria será analisar e determinar a posição social de um sujeito dentro de um grupo (empresa, fábrica, turma), a partir das escolhas e rejeições.
Deste modo, permite a análise/caraterização dos grupos, pelos tipos de relações existentes. Fornece uma ideia quase completa das relações interpessoais estabelecidas num determinado grupo, permitindo constatar a rede de relações, bem como as dinâmicas: liderança, popularidade, rejeições, isolamento, indiferença, ou seja, o nível de integração de cada indivíduo no grupo.
Para Farinha (2005) teste sociométrico é uma técnica simples que permite avaliar a estrutura interna e informal de grupos pequenos. Segundo Moreno o teste sociométrico envolve quatro passos essenciais:
1. Formulações de uma pergunta a todos os membros do grupo para que escolham os indivíduos mais e menos desejariam ter como companheiros em determinadas atividades específicas ou situações particulares;
2. Levantamento das respostas e construção de uma tabela;
3. Elaboração da matriz sociométrica e do sociograma;
4. Interpretação dos resultados do sociograma.
Este é um teste muito flexível, cujas características permitem a sua utilização numa grande variedade de contextos educativos abrangendo um vasto leque de níveis etários. Afim de não enviesar respostas as situações criadas devem ser reais e não hipotéticas. Deve ser tido em conta que:
a) É uma técnica de administração e avaliação bastante simples;
b) Fornece uma grande quantidade de informação em relativamente pouco tempo e esforço;
c) É aplicável tanto do ponto de vista de um diagnóstico individual como de um diagnóstico grupal e até das relações interpessoais no grupo turma;
d) Permite captar facilmente barreiras e bloqueios relacionais, relacionadas com o sexo, etnia existentes num grupo;
e) Pode ser aplicado tantas vezes quantas se quiser ao longo do tempo o que pode, por exemplo dar informação útil sobre a evolução do grupo. (Farinha, 2005)
Quanto à estrutura do teste, os critérios ou situações podem ir de 1 a 4, sendo que dois ou três critérios são suficientes na maior parte dos casos. Para cada critério são estabelecidas 4 variações da pergunta (uma para as escolhas, outra para as rejeições, outras duas para a percepção da escolha e da rejeição).
Um dos problemas é saber o número de escolhas e rejeições que se pode permitir. Ao se aceitar um número ilimitado tem a vantagem de permitir conhecer a expansividade social do sujeito e a totalidade das relações existentes no grupo, porém torna o trabalho de análise da matriz e do sociograma bastante complexo. Todavia, exigir uma só escolha é limitar à partida as possibilidades do teste. Uma estratégia possível é permitir o número de escolhas desejado e depois na análise ter em conta só as três respostas e ponderá-las. (Farinha, 2005).
Relativamente à utilidade prática do teste sociométrico, o principal objectivo educacional é a avaliação da estrutura social e afectiva do grupo/turma, mas podemos ainda definir outros objectivos mais específicos:
1. Conhecimento do nível de aceitação que uma criança tem num determinado grupo/turma;
2. Avaliação da coesão entre os membros do grupo/turma, por exemplo, se estão bem integrados ou se tendem a organizar-se em pequenos grupos isolados uns dos outros;
3. Identificação das crianças alvo de uma rejeição especial pelos outros;
4. Identificação dos líderes do grupo, que podem servir como aglutinantes dos seus diferentes componentes;
5. Identificação dos elementos isolados, que não são escolhidos por nenhum
grupo;
6. Avaliação dos efeitos que a incorporação de crianças novas tem num determinado grupo.
Em suma, a sociometria pode ainda ter uma importante função preventiva, pois a aplicação de um teste sociométrico pode permitir identificar alguns problemas e intervir de modo a resolve-los.