Perspectivas
Perspectiva biológica
Ninguém nega a presença de diferenças entre os dois sexos a nível genético, bioquímico e anatómico. É de reconhecer que as raparigas e os rapazes são tratados de forma diferente por causa das suas diferenças a nível fisiológico e reprodutivo. O que é um problema aqui é a directividade ou indirectividade das influências biológicas e ambientais. Por exemplo, o androgénio é uma hormona sexual predominante nos homens. Umexemplo de um efeito direto da biologia é o alto nível desta hormona que influencia directamente o funcionamento cerebral e faz aumentar alguns tipos de comportamento tal como o nível de agressividade. Se este nível alto de androgénio produz na criança um forte desenvolvimento muscular, o que faz com que os outros criem expectativas de que a criança vai ser atleta e portanto leva-a a praticar desporto, então a influência da biologia no comportamento é indirecta (Santrock, 2006).
Focando – nos nas diferenças do corpo caloso (faixa maciça de fibras que conecta os dois hemisférios do cérebro) nas mulheres e nos homens, observamos que este é maior nas mulheres o que explica porque é que estas são mais conscientes das suas próprias emoções e do que as rodeia. No entanto, a biologia não é o destino quando se tratam questões de género. As experiências de socialização nas crianças têm assim uma grande influência (Santrock, 2006).
Perspectiva sociológica
A teoria sócio – cognitiva do género enfatiza que o desenvolvimento do mesmo na criança ocorre através da observação e imitação de comportamentos de género. Os pais utilizam várias vezes o reforço e a punição para ensinar os seus filhos a serem femininos (“Karen, és uma boa menina quando brincas com cuidado com a tua boneca.”) ou masculinos (“Keith, um rapaz como tu não chora.”) (Santrock, 2006).
Na escola primária, é frequente a separação entre rapazes e raparigas. A psicóloga desenvolvimental Eleanor Maccoby (1998, 2000), acredita que o grupo de pares tem um papel especialmente importante na formação de papéis de género, ensinando uns aos outros o que é aceitável e não aceitável nos comportamentos de cada género.
A televisão também tem um papel importante quando se tratam questões de género, retratando mulheres e homens em papéis de género muito particulares. Mesmo com a emergência de novos e diversos programas ao longo dos anos, várias investigações continuam a concluir que a televisão apresenta os homens como mais competentes que as mulheres. Pode observar – se que as adolescentes são apresentadas como mais preocupadas com namoros, compras e a sua própria aparência e raramente são retratadas como interessadas na escola ou com planos de carreira. (Santrock, 2006).
Perspectiva Cognitiva
De acordo com esta perspectiva, a formação do género na criança ocorre tipicamente quando esta desenvolve o conceito de género. Quando finalmente se identifica como mulher ou homem, a criança organiza o seu mundo com base no género. Esta teoria argumenta que o desenvolvimento de papéis de género se procede desta forma: “Eu sou uma rapariga. Quero fazer coisas de rapariga. Portanto, a oportunidade para fazer tais coisas é reforçadora” (Santrock, 2006).