Como motivar os alunos?
Jere Browny (1998) descreveu estratégias para aumentar a motivação em dois tipos de alunos: nos estudantes desencorajados onde há uma quebra na sua confiança e motivação para aprender e nos estudantes não interessados ou alienados (Santrock, J., 2006).
Estudantes desencorajados
Nesta categoria podemos encontrar os estudantes com baixas capacidades e baixas expetativas, estudantes com a síndrome de falhanço e estudantes obsessivos com a proteção da sua própria autoestima evitando para tal as falhas (Santrock, J., 2006).
1 -Estudantes com baixas expetativas para o sucesso
Estes estudantes precisam de ser constantemente tranquilizados no sentido de que vão conseguir atingir os objetivos e desafios que lhes foram propostos, tendo para tal o apoio e ajuda necessários para o sucesso. No entanto, para tal devem realizar um esforço verdadeiro. Desta forma, é requerido que estes tenham instruções individualizadas, material ou atividades que apropriadas ao seu nível de capacidade os possam concretizar, auxiliando-os a estabelecer objetivos e a encontrar os meios para os atingir (Santrock, J., 2006).
2 - Estudantes com Síndrome de Falhanço
A síndrome de falhanço baseia-se em ter baixas expetativas para o sucesso e desistir ao primeiro sinal de dificuldade. Estes estudantes diferem dos primeiros, pois os estudantes com baixo alcance de expetativas só desistem após darem o seu melhor. Os estudantes com esta síndrome, costumam ter uma baixa autoeficácia, atribuindo os seus fracassos a causas internas e a causas incontroláveis, tais como a baixa capacidade (Santrock, J., 2006).
As estratégias para aumentar a motivação nestes estudantes, deverão passar pelos métodos de re-treino cognitivo tais como:
Re-treino da eficácia (monitorizar o progresso dos estudantes e apoia-los frequentemente dizendo coisas tais como):
- "Eu sei que tu és capaz";
- Usar o adulto ou um par que possa servir de modelo eficaz;
- Minimizar a comparação social;
- O professor deve ser confiante nas suas capacidades e ver o estudante como um desafio e não como um perdedor) (Santrock, J., 2006).
Re-treino da atribuição (ensinar os estudantes a atribuir as suas falhas a fatores que podem ser modificados, tais como):
- O conhecimento insuficiente ou estratégias ineficazes e trabalhar com os estudantes para que estes desenvolvam uma orientação para a mestria em vez de uma orientação para a performance);
- Estratégias de treinamento (ajudar os estudantes a adquirir uma autorregulação da sua própria aprendizagem e nas estratégias para a resolução de problemas, ensinando-os o que devem fazer, como devem fazer, quando devem fazer e porquê fazer) (Santrock, J., 2006).
3 - Estudantes motivados para a proteção da sua autoestima pelo evitamento do fracasso:
Alguns estudantes estão tao concentrados em evitar o fracasso que se distraem da obtenção de objetivos e acabam por aprender um conjunto de estratégias ineficazes. Algumas dessas estratégias são:
- A não performance - a estratégia mais óbvia para evitar o fracasso é não tentar, ficando ansiosos com a possibilidade de pergunta por parte dos professores e esperando que estes perguntem a outra pessoa, deslizam na cadeira para não serem vistos pelo professor, evitam contacto visual, etc.;
- Esforço Fingido - para evitarem ser criticados por não tentar, alguns estudantes participam mais para não serem punidos do que para obterem sucesso. Alguns comportamentos típicos são o de fazer as perguntas para as quais já têm a resposta, a adoção de uma expressão pensativa e atenta durante as aulas;
- Procrastinação - Estudantes que por exemplo, estudam para o teste até ao último minuto podem evitar a vergonha do seu fracasso desculpando-se com a falta de tempo, ao invés da incompetência;
- Cenários de Objetivos Inalcançáveis - Alguns alunos formulam objetivos tão elevados que o sucesso é impossível, assim os estudantes evitam a implicação de serem incompetentes pois nenhum outro estudante atingiu essas mesmas metas;
- A perna de pau académica - Neste caso, o estudante admite as suas fraquezas pessoais menores para evitar o reconhecimento da sua mais temida fraqueza: ser incompetente. Por exemplo, um estudante pode culpar a sua baixa pontuação num teste com base na sua ansiedade, pois esta não é tão devastadora para a sua autoeficácia como a incapacidade (Santrock, J., 2006).
Martin Covington e os seus colegas (1992,1998) propuseram um conjunto de estratégias para ajudar os estudantes a diminuírem as suas preocupações com a autoeficácia:
- Atribuir a estes estudantes tarefas que sejam interessantes e estimulem a sua curiosidade, devendo ser desafiantes sem esmagar os seus esforços;
- Estabelecimento de um sistema de recompensas perante o esforço deles, tentando também que a aprendizagem seja um objetivo desejável;
- Ajudar os estudantes a formular um conjunto de objetivos desafiantes e ao mesmo tempo realísticos, fornecendo também o apoio académico e emocional para os alcançar;
- Estabelecer uma associação entre o esforço e a autoeficácia, encorajando os alunos a sentirem-se orgulhosos do seu esforço e a minimizarem a comparação social;
- Encorajar os estudantes a terem crenças positivas sobre as suas capacidades;
- Encorajar a relação aluno-professor dando ênfase ao papel do professor enquanto guia e apoiante dos esforços dos alunos em vez de uma figura autoritária que controla o comportamento do estudante (Santrock, J., 2006).
Estudantes Desinteressados ou Alienados
Brophy (1998) estabelece algumas estratégias para aumentar a motivação e o interesse, tais como:
- Trabalhar no desenvolvimento de uma relação positiva com o estudante - pois se este tipo de estudante não gostar do professor é difícil que este trabalhe para atingir qualquer tipo de objetivos. Deve portanto ser paciente, mas deve estar determinado a ajudar o estudante e a reencaminhá-lo para os seus objetivos;
- Fazer a escola mais intrinsecamente interessante - devendo para tal descobrir os interesses dos estudantes e se possível, incluir esses interesses nas tarefas atribuídas ao aluno;
- Ensinar-lhe tarefas para tornar os trabalhos académicos mais interessantes: ajudá-los a compreender que as suas ações são a causa dos seus próprios problemas e pensar em formas que os façam sentir orgulhosos do próprio trabalho;
- Considerar um mentor: pensar em alguém na comunidade ou num aluno mais velho que possa ajudar este tipo de estudante e que este o respeite (Santrock, J., 2006).
Ver também:
teach.com/what/teachers-change-lives/teachers-motivate