Educação Multicultural
A esperança numa educação multicultural pode contribuir para que a sociedade se torne aos poucos naquilo que Martin Luther King sonhou: uma nação onde as crianças não seriam julgadas pela sua cor de pele, mas sim pelo seu caracter (Santrock, 2011).
A educação multicultural valoriza a diversidade e inclui uma perspetiva onde os grupos têm como base a variedade de culturas. (Santrock, 2011). Um dos objetivos mais importantes da é a igualdade de oportunidades para todos os estudantes, permitindo então acabar com a lacuna no desempenho acadêmico entre alunos excecionais e de sub-grupos. (Bennett,2001; Florence, 2010).
A ideia de uma educação multicultural desenvolveu-se a partir dos anos 60 com o movimento sobre os direitos civis acerca de justiça e de igualdade para mulheres e pessoas de cor (Springs, 2010) e tiveram como resultado a presença nas escolas de meninos e meninas de minorias, de grupos étnicos marginalizados e de imigrantes. A aposta em estratégias de educação multicultural surge através de movimentos sociais que reivindicam a igualdade de direitos para todas as pessoas independentemente da raça ou da etnia a que pertencem (Santomé, 2008).
Enquanto campo, a educação multicultura, inclui questões relacionadas com o estatuto socioeconómico, género, religião, deficiência, orientação sexual, e outras formas de diferença (Howe,2010).
Os conceitos de redução de prejuízo e a equidade pedagógica são componentes importantes no campo da justiça social. A primeira refere-se às atividades que os professores podem implementar na sala de aula para eliminar visões negativas e estereotipadas dos outros. A equidade pedagógica refere-se à modificação do processo de ensino, para que se possa incorporar materiais e estratégias de aprendizagem apropriadas a rapazes e raparigas de diferentes grupos étnicos(Santrock, 2011).
Segundo James Baks (2008), uma escola multicultural deve-se pautar por:
* As atitudes, crenças e ações dos funcionários da escola. Estes devem ter elevadas expectativas para todos os estudantes e gostar de os ajudar;
* O curriculum. O ciclo de estudos deve ser reformulado de modo a que os estudantes percebam eventos, conceitos, e questões sobre a visão de diferentes grupos étnicos e socioeconómicos;
* Material de aprendizagem. Os livros e matérias de aprendizagem representam a experiencia de diversas etnias e visões culturais, estando livres de enviesamentos que podem marginalizar os alunos;
* A cultura da escola e o curriculum escondido. A cultura da escola reflete aspetos positivos acerca de diversidade e tem como suporte o “curriculum escondido” – aquilo que não é ensinado, mas que está presente;
* Programas de aconselhamento. A ideia é ajudar os estudantes a concretizarem os seus sonhos, ajudando-os nas suas carreiras e a escolher caminhos apropriados.
Empowering students
O conceito de ‘empowerment’ refere-se às capacidades intelectuais e de coping que permitem às pessoas ter sucesso e tornar o mundo num lugar mais justo (Santrock, 2011)..
Este tema é fundamental na educação multicultural (Hall,2010). As escolas devem dar aos alunos a oportunidade de aprender acerca de experiencias e visões de diferentes etnias e culturas dos grupos (Banks,2010). Para Santrock (2011), a esperança está no facto de permitir aumentar a autoestima dos estudantes de minorias, reduzir prejuízos e dar mais igualdade de oportunidades.
Ensino culturalmente relevante
Este tipo de ensino permite trabalhar com os estudantes de diferentes maneiras e consoante os grupos étnicos. Por exemplo, nos EUA alguns investigadores observaram que os afroamericanos são mais expressivos e tem mais energia, o que não lhes iria permitir estarem sempre sentados ou fazerem exames escrito. Em vez disso, podem fazer apresentações e coisas mais dinâmicas (Santrock, 2011).
Neste conceito de ensino, os professores devem ir para o local onde os estudantes vivem e onde os seus pais trabalham para poder melhorar a sua compreensão acerca da etnia e bases culturais do alunos (Banks, 2005), e a partir disso incorporar este conhecimento no ensino (Moll & Gonzáles, 2004). A partir disto os professores podem aprender mais acerca das ocupações, interesses e características da comunidade.
É ainda necessário que os professores tenham altos níveis de expectativas com os alunos de grupos étnicos minoritários, porque estes níveis quando combinados com programas académicos rigorosos, e com o ensino cultural podem trazer um enorme benefício aos estudantes (Gandarra, 2002).
Educação centrada em questões
Nesta abordagem os estudantes são ensinados a examinar sistematicamente questões que envolvem equidade e justiça social, que lhes permite clarificar os seus valores mas também examinar alternativas e consequências caso tenham uma posição particular acerca de uma determinada questão (Santrock, 2011).
A sala de aula Jigsaw (quebra-cabeças)
Em 1986, Aronson desenvolveu o conceito de sala de aula jigsaw, que envolvia estudantes de diversas culturas que cooperavam para fazer diferentes partes de um projeto a fim de atingir um objectivo comum. O termo jigsaw (quebra-cabeças) devia-se ao facto de que cada grupo de alunos cooperava nas diferentes partes de um trabalho, que seria como construir um puzzle.
Esta técnica pode funcionar na medida em que cada grupo trabalha numa parte de um determinado assunto e depois juntam-se para partilhar a informação recolhida. Aqui a aprendizagem dos alunos está dependente uns dos outros para atingir um objetivo comum (Santrock, 2011).
Contacto pessoal positivo com pessoas de diferentes culturas
Quando os estudantes revelam informações acerca de si são percebidos pelos outros mais como indivíduos e não como membros de um grupo. A partilha de informação pessaç produz descobertas: pessoas de diferentes culturas partilhas esperanças, preocupações e sentimentos. Estas partilhas podem quebrar barreiras entre grupos (Santrock, 2011).
Reduzir as diferenças
Desde cedo que as crianças devem aprender a respeitar indivíduos de outros grupos étnicos que não o seu. Os professores têm de confrontar desde esta altura qualquer tipo de racismo ou discriminação presente nas interações das crianças.
Louise Derman-Sparks e a Anti-Bias Curricuum Task Force (1989) criaram instrumentos par reduzir e eliminar algumas atitudes nas crianças:
* Mostrar imagens de crianças de diversas culturas e grupos étnicos;
* Escolher brinquedos e atividade que encorajem a compreensão entre grupos;
* Falar com os estudantes sobre estereótipos e discriminação perante os outros;
* Envolver os pais na discussão destes assuntos.
Quanto ao professor e às suas práticas:
Segundo Santrock (2011) este deve ser:
1. Sensível ao racismo contino nos materiais e nas interações da sala de aula;
2. Aprender mais sobre diferentes grupos étnicos;
3. Ter em atenção as atitudes étnicas dos alunos.
Aprofundar as leituras com:
www.curriculosemfronteiras.org/vol8iss1articles/pansini_neneve.pdf