Cultura e Testes
Bases Culturais dos Testes de Inteligência
Muitos dos testes de inteligência são culturalmente baseados, favorecendo crianças provenientes de meios urbanos ao inviés dos meios rurais, famílias de classe média em vez de famílias de classe baixa e crianças caucasianas ao inviés das minorias (Miller-Jones, 1989). Por exemplo, uma das questões de um teste de inteligência era: “o que fazias se visses uma criança de 3 anos na estrada?”, sendo a resposta correta a de chamar a polícia. No entanto, crianças empobrecidas do meio da cidade não escolhem esta opção caso tenham más experiências com a polícia e crianças que vivam em meios rurais não têm a polícia perto delas. As versões contemporâneas destes testes têm tentado reduzir as tendências culturais (Santrock, 2006).
Um outro problema, é o facto de crianças de minorias étnicas terem dificuldades em compreender a linguagem escrita destes testes. Para além do mais, uma outra questão influenciadora é o tratamento com base em estereótipos, a ansiedade sentida pelas crianças perante uma avaliação pode confirmar um estereótipo negativo sobre um grupo (Santrock, 2006).
Testes que não são influenciados pelas bases culturais
Dois tipos de testes não baseados na cultura foram idealizados:
- O primeiro incluía itens que se acreditam ser familiares a crianças de todos os níveis socioeconómicos e de todas as culturas étnicas. Por exemplo, à criança deve ser perguntado em que é que um cão e um pássaro são semelhantes, partindo do pressuposto que todas as crianças já foram expostas a cães e a pássaros.
- No segundo tipo destes testes todos os itens verbais foram removidos, um destes exemplos é o teste das matrizes progressivas de Raven. Neste teste, é apresentada à criança uma matriz de símbolos onde falta uma parte que esta tem de completar com base numa das opções que são dadas.(ver exemplo em baixo)
Apesar destes testes terem sido concebidos como não sendo influenciados pelas bases culturais, indivíduos com maior nível de educação tendem a obter pontuações superiores aos seus parceiros com níveis de educação menor. Estes fatos levam-nos a crer que na verdade ainda não se conseguiu criar um teste completamente justo quanto às diferenças culturais (Santrock, 2006).
Uma outra questão também importante, é que a concepção do que é a inteligência varia de cultura para cultura (Lonner, 1990), nas culturas ocidentais os estudantes são considerados inteligentes se tiverem um conhecimento considerável e se conseguirem resolver problemas verbais de uma forma rápida. Em contraste, na cultura de Buganda em Uganda, os sujeitos são considerados inteligentes se pensarem de uma forma mais lenta e se fizerem o que é correto socialmente (Santrock, 2006).